quarta-feira, 3 de julho de 2013

"Boring..."

E de repente o café esfria, a cerveja esquenta, a música para. O seriado acaba, a roupa não serve e o jornal não vem.
De repente a vida muda. A gente troca. Primeiro de casa, depois de emprego, de histórias e de caminhos.
A gente troca de sentimento, mas não de coração, muda o disco, mas não a cantora, troca de roupa, mas não de perfume. A gente muda. Muda e se sente sozinho.
Nosso esporte favorito já não se pratica mais. A nossa novela acabou, mas se me perguntares sobre os lençóis velhos da cama, responderei: "agora são todos de cetim", embora saiba que isso jamais importou.
Quando se muda trocam-se mocinhos e vilões, trocam-se os cenários, os diálogos e as rosas, mas a bailarina, ah doce bailarina, continua no palco com sua leveza, indiscutível, apesar de trazer em seu corpo um coração pesado, uma face abatida, e lágrimas tão carregadas que somente sua graça sobre seus passos para suportar. Desliza. Assim como em nossos dias de metáfora. Vai, de um lado para o outro.
Nunca aprendi a contar histórias, e hoje estou aqui. Sempre preferi a vida ao trabalho, e ainda continuo aqui. talvez pudesse fazer algo por mim, por você, por todos os nós que me amarram às interrogações que carrego comigo.
Daqui eu via a vida em quatro mãos, mas, sinceramente, me pergunto em que curva ela se perdeu. Ganhei, perdi, mas não esperava este empate.
Para não dizer que não falei de ti, hoje é domingo, e as suas flores continuam na janela. Jamais morreram, jamais sofreram, jamais sentiram, jamais choraram, jamais sofreram, jamais choraram, jamais sentiram, jamais amaram, você.