domingo, 24 de fevereiro de 2013

Quinta-Feira

Depois de uns 2 ou 3 goles, cá estou eu novamente. Lápis na mão, um copo de vodka e meu moleskine. Ah, claro, e algumas ideias na cabeça. As vezes esqueço delas.
Faz calor, bar cheio. Sorrisos soltos. Inclusive do Zé, meu garçom favorito, que corre pra lá e pra cá girando sua brilhante bandeja. O Zé assovia alguma coisa que não consigo identificar. Está bem, trabalha, mas não deixa de fazer o seu clássico aceno de mão para mim. "Uma pessoa do bem", como diria um velho novo amigo meu.
Mais alguns goles no copo, e eu de olho na movimentação do bar, que, diferentemente dos outros dias, parece me observar. Sensação estranha. Vodka demais? Que nada. Ainda é o primeiro copo da noite. Deve ser bobagem. Pego o moleskine e tento começar um novo conto. Depois de algumas linhas rabiscadas e algumas partidas de jogo da velha (sim, sempre joguei comigo mesma, bolando estratégias e tudo mais). Enfim começo a escrever sobre uma história que imaginei no sonho de hoje de manhã.
No sonho, que estranhamente se passava num hospital, eu encarava um belo rapaz de olhos azuis que pareciam querer me dizer "fique comigo". Ele vestia um jaleco branco, gravata coral, e tinha em seu bolso uma brilhante caneta que ofuscava minha visão em minhas tentativas inúteis de ver seu nome.
Enquanto escrevia, Zé, como de costume, já havia trocado meu copo. Minha garganta, agora seca, pedia um gole. Tomo e volto para a história.
A caneta daquele homem me atrapalhava, mas eu conseguia ver as iniciais "Dr.". Seus olhos se aproximavam cada vez mais e mais dos meus. E eu ali, parada, até que em um movimento brusco ele segura minhas mãos, frias, que agora tremiam.
Assustada com o barulho da minha história volto à realidade do bar, que agora hospeda um belo rapaz. Penso: "esses olhos". Balanço a cabeça e dou um sorriso ainda não compreendendo nada daquilo. Ele segura minhas mãos e encara meus olhos. Sinto seu corpo gelado e seu tremor. Aquilo me assusta. Com um movimento rápido ele solta minhas mãos e tira do bolso uma carta de baralho baixando seus olhos. Beija aquela carta e coloca sobre a mesa para que eu também pudesse ver. Eu o encaro ainda mais, enquanto ele se levanta e vai em direção à porta. Com medo,  olho sem entender aquela Dama de Copas à minha frente, enquanto tento, sem êxito, chamar o Zé. Estou paralisada, meus braços não me obedecem e o garçom atende as mesas fora do bar. "Que maravilha", penso em um estado de cômica tragédia. Minha respiração é rápida e ofegante. Concentro-me até que consigo me levantar da cadeira. Mais uma vez paraliso. Existe um envelope e uma caneta sobre a outra cadeira, com o meu nome, a data de meu nascimento ao lado de uma estrela e abaixo um símbolo com um dia daquela semana.



Salve salve moçada.
Férias acabaram, vamos lá, estamos juntos este ano de volta. Procurarei escrever algumas crônicas para vocês. Gosto muito e acredito que vai diversificar o blog também. Espero que gostem. =)
Um super beijo da Berga pra vocês e até mês que vem.

P.S.: Crônica dedicada ao meu amigo/irmão Clovão e ao meu querido amigo Ber.